[Resenha] Quando Eu Era Joe, de Keren David


Quando eu recebi esse livro da Novo Conceito, fiquei imediatamente animada com a história, afinal, adoro esses livros adolescentes que puxam para o mistério e era isso que eu estava esperando quando comecei a lê-lo. No entanto, se você também pensou como eu, sinto dizer, está enganado.

Não que o livro seja ruim, mas a verdade é que nesse primeiro livro – é uma série com dois outros livros já publicados lá fora – a autora se focou bem na introdução da história e na adaptação do protagonista ao novo lugar em que ele acaba indo morar após ser testemunha de um violento crime em Londres.

Ty é um cara comum, quase invisível, na cidade grande que é Londres. É o queridinho de sua mãe, tira boas notas, tudo certinho. No entanto, ao presenciar o tal crime – que apesar da autora dar aos poucos vários detalhes, ainda está confuso na minha mente, porque não consegui entender exatamente quem está envolvido no crime e suas verdadeiras consequências – Ty sela seu destino: não é mais um garoto normal e agora é uma das pessoas daquele Programa de Proteção a Testemunha. Com isso, muda seu cabelo, sua escola, seus amigos, até mesmo seu nome, virando Joe.

No entanto, mais do que essas características, Ty quer aproveitar essa chance para  se tornar o cara que sempre quis ser – um cara como seu ex-melhor amigo: popular, bonito, querido por todos. É isso que vemos em grande parte do livro, Ty virando cada vez mais Joe e, apesar de não ser o que eu esperava, eu gostei. O jeito é encarar que o livro tende mesmo mais pro dia-a-dia dos adolescentes do que para algo de suspense.

O que me incomodou, no entanto, foram duas coisas: Claire, uma das pessoas que ficam mais próximas de Ty quando este se muda para a nova escola, tem um grave problema, que é o “costume” de se cortar, quando está nervosa ou deprimida. Isso, infelizmente, é algo comum nas pessoas hoje, mas não deixa de ser algo preocupante e que, num livro destinado a adolescentes, poderia ter sido tratado de uma maneira bem mais interessante. Afinal, os próprios personagens reagem a tal situação como se não fosse de grande importância, o que é mentira. Keren David perdeu aí não só alguns pontos na história, mas uma oportunidade de olhar essa situação com olhos diferentes – não só da pessoa que se automutila, mas de alguém próxima a ela e que se importa.

Além disso, com relação ao andamento e desenvolvimento da história, David realmente preferiu tratar o primeiro livro como algo introdutório e se focar em coisas mais “leves”, mas com o desfecho que temos espero que na continuação as coisas se tornem um pouco mais sérias e que ela, enfim, entregue o mistério e o suspense que prometia logo no primeiro livro.

Ademais esses “poréns”, a narrativa de Quando eu era Joe é bem gostosa, fácil de entrar na história. Joe é um bom protagonista, mas ao mesmo tempo, um pouco sem graça. Claro que com as súbitas mudanças que sofreu, ele aos poucos vai se tornando alguém mais legal e torço para que isso só melhore no próximo livro.


Autor(a): Keren David
Editora: Novo Conceito
Ano: 2011 (original) - 2014 (Brasil)
Páginas: 378 (original) - 318 (Brasil)
Nome original: When I Was Joe
Coleção: When I Was Joe, #1

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